“Eu amo o meu corpo!” – Uma declaração de amor próprio

Autoestima | Lívia | modificado em 14/02/2018

“Eu nunca amei o meu corpo. 

Não que eu me odiasse por completo, mas o meu corpo sempre foi uma fonte de insatisfação. Desde criança, sentia que minhas coxas e meus culotes eram grandes demais para o resto. Depois, comecei a achar que meus peitos eram pequenos de mais comparado com o tamanho dos quadris. Nunca me achei totalmente feia, e hoje acredito que é aí que onde sempre esteve o perigo: embora eu estivesse ok comigo, eu sempre recusei algumas partes do meu corpo. Então, o sentimento de recusa a essas partes ficava escondido no resto que “estava bem”, como se fosse assim mesmo. E assim, eu acreditava que mulher nunca estaria completamente satisfeita – o que na verdade, é um discurso poderoso que nos faz crer que mulher nunca poderá estar completamente satisfeita.

Desde a faculdade, quando cursei Ciências Sociais, estudo que tudo o que vivemos e pensamos é socialmente construído. Padrões de beleza, obviamente, também: corpos magros, brancos e jovens são a norma, não porque de fato eles sejam superiores, mas porque socialmente criamos um padrão do qual não conseguimos nos desvencilhar. Mesmo sabendo de tudo isso, eu ainda odiava minhas pernas.

Hoje, pela primeira vez em trinta anos, eu digo: eu amo meu corpo por inteiro. Não ignoro mais a minha celulite, nem a minha barriga nem os meus peitos pequenos. Por que eu emagreci? Sim e não. Afinal, eu já fui muito mais magra e ainda assim escondia ou esquecia minhas pernas por muito menos (eu tinha 17 anos e já sentia isso, como pode?).

O que mudou foi que eu mudei por inteiro, não apenas o meu corpo.

Juntei todas as minhas compreensões sobre imposições de padrões para poder, eu mesma, me desvencilhar delas. A melhor coisa de ter feito o coaching foi sair do automático, me olhar com curiosidade e ver que muito do que eu vivia comigo mesma não tinha nenhuma razão de ser. Pois eu acreditava, sem saber, naqueles padrões que eu tanto criticava, mas eu não tinha nada para colocar no lugar. Você me ajudou a ver, Lívia, que o meu próprio corpo, minha auto-determinação, é que vão substituir os padrões que eu odeio. E que assim eu posso ser uma mulher mais livre.

Desde julho do ano passado, eu me apaixonei por uma coisa que eu não suportava: cozinhar! E agora não consigo ficar sem comer salada, e de preferência de rúcula (antes eu só comia comida amarela, detestava azedos e amargos, e passava longe de qualquer sabor mais complexo que a dupla doce-salgado; era viciada em chocolate e queijo).

Todo o nosso processo me ensinou a sair do automático, a ligar corpo e mente, e a sair de uma espiral de constante adiantamentos e ansiedades que, por mais que fossem pequenas e inofensivas, me desconectavam do meu próprio centro. Mudei, assim, não só meus parâmetros do que é um belo corpo. Mudei meus padrões de nutrição e até mesmo de comportamento.

Eu, como muitas mulheres, associava comidas gostosas a momentos ruins, como forma de compensação. E isso não significa que eu aprendi a relevar meus problemas ou que me tornei mais relaxada. Continuo a mesma, com a mesma vida, mas aprendi a me respeitar, e a chamar cansaço de cansaço, fome de fome, nervoso de nervoso, e alegria de alegria.

Onde a salada entra nisso? Eu sinto, agora, que se eu ouço meu corpo, ele gosta (sim!!!) de salada verde escura e de pratos bem coloridos e diversos. Isso que eu chamo de autodeterminação. Sabe que isso é um princípio muito caro ao anarquismo? Pois é, eu sempre achava lindo mas não sabia o que era viver isso na pele (literalmente).

Eu como o que o meu corpo pede – e se é o meu corpo, sou eu inteira. Eu me ouço, me vejo, me sinto como nunca antes. Estou presente em mim.

Já te falei isso uma vez, ainda quando estávamos fazendo o coaching, que as pessoas começaram a me elogiar aleatoriamente. Muita gente me fala, sem que eu diga uma palavra, que eu pareço iluminada, feliz, brilhante (!!). Hoje mesmo me falaram que eu parecia uma flor.

Eu não conto calorias nem meu peso, mas eu sei que perdi uns 8 kilos. Eu voltei a pesar o que eu pesava na faculdade. Eu ainda tenho celulite, minhas pernas são grossas e eu amo cada centímetro do meu corpo. E veja! Eu não preciso mais dizer “Eu ainda tenho celulite, minhas pernas são grossas mas eu amo cada centímetro do meu corpo”. No fim, esses 8 kilos foram apenas consequência de me sentir dona de mim mesma, de ouvir minha fome, meu cansaço, meus limites, minhas vontades. Obrigada, Li. Eu queria que você soubesse que você fez parte de uma transformação muito maior do que a perda de peso.”

Por Ana Badue – a coachee e amiga mais inspiradora desse mundo.

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